Depressão é uma doença crônica, recorrente, muitas vezes
com alta concentração de casos na mesma família, que ocorre não só em
adultos, mas também em crianças e adolescentes. O que caracteriza
os quadros depressivos nessas faixas etárias é o estado de espírito
persistentemente irritado, tristonho ou atormentado que compromete as relações
familiares, as amizades e a performance escolar.
Na ausência de tratamento, os episódios de depressão duram em média oito
meses. Durações mais longas, no entanto, podem ocorrer em casos associados
a outras patologias psiquiátricas e em filhos de pais que também sofrem de
depressão.
A doença é recorrente: para quem já
apresentou um episódio de depressão a probabilidade de ter o segundo
em dois anos é de 40%, e de 72% em 5 anos.
Em pelo menos 20% dos pacientes com
depressão instalada na infância ou adolescência, existe o risco de
surgirem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se alternam
com outras de mania, caracterizadas por euforia, agitação psicomotora,
diminuição da necessidade de sono, idéias de grandeza e comportamentos de
risco.
Antes da puberdade, o risco de apresentar depressão
é o mesmo para meninos ou meninas. Mais tarde, ele se torna duas vezes
maior no sexo feminino. A prevalência da enfermidade é alta: depressão está
presente em 1% das crianças e em 5% dos adolescentes.
Ter um dos pais com depressão aumenta de 2
a 4 vezes o risco da criança. O quadro é mais comum entre portadores de
doenças crônicas como diabetes, epilepsia ou depois de acontecimentos
estressantes como a perda de um ente querido. Negligência dos pais e/ou
violência sofrida na primeira infância também aumentam o risco.
Dos poucos estudos brasileiros sobre estresse infantil, se destaca
um levantamento realizado pela pesquisadora Ana Maria Rossi, presidente da
International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR). A pesquisa,
feita com 220 crianças entre 7 e 12 anos nas cidades de Porto Alegre e São
Paulo, revelou que oito a cada dez casos em que os pais buscam ajuda
profissional para seus filhos por causa de alterações de comportamento têm sua
origem no estresse. “O estresse é uma reação natural do nosso corpo, o problema
é esse estímulo atingir níveis muitos altos ou se prolongar por longos
períodos”, diz Ana Maria. (Disponível em: <http://www.istoe.com.br/reportagens/195990_ESTRESSE+INFANTIL).
Por mais que muitas pessoas não tenham se atentado ao fato, atualmente as crianças enfrentam diversos momentos de stress e/ou ansiedade, que podem ocorrer por diversos fatores, como por exemplo:
Características de personalidade
Desejo de agradar
Medo do fracasso
Preocupação com mudanças físicas
Atividades em excesso
Brigas ou separação dos pais
Perdas
Educação confusa dos pais
Nascimento do irmão
Doenças e hospitalização
Troca de professor ou escola
Pais ou professores estressados
Doenças dos pais ou na família
Natação, inglês,
equitação, tênis, futebol. É cada vez mais comum encontrar crianças que mal
saíram da pré-escola e já cumprem agendas de “miniexecutivo”, com compromissos
que se estendem ao longo do dia. A intenção dos pais ao submeter os filhos a
essas rotinas é torná-los adultos superpreparados para o competitivo mundo
moderno. O preço que se paga por tanto esforço, porém, pode ser alto. Ainda
pequenas, essas crianças passam a apresentar um problema de gente grande, o
estresse. “É uma troca que não vale a pena”, afirma o psicoterapeuta João
Figueiró, um dos fundadores do Instituto Zero a Seis, instituição especializada
na atenção à primeira infância. “Frequentemente essa rotina impõe à criança um
sentimento de incompetência, pois lhe são atribuídas tarefas para as quais ela
não está neurologicamente capacitada.” Como uma bomba-relógio prestes a
explodir, o estresse infantil tem ganhado status de problema de saúde pública.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a Academia Americana de Pediatria publicou, em
dezembro, novas diretrizes para ajudar os médicos a identificar e tratar esse
mal. O risco dessa exposição, alertam os cientistas, são danos que vão bem além
da infância, como a propensão a doenças coronarianas, diabetes, uso de drogas e
depressão.(Disponível em: <http://www.istoe.com.br/reportagens/195990_ESTRESSE+INFANTIL).
A mesma situação pode ou não ser estressante para determinadas crianças, fato que certamente depende do estágio de desenvolvimento emocional de cada uma.
O que o professor pode fazer para evitar ou amenizar tais situações:
Conhecer e conversar com seus alunos;
Motivar os alunos;
Incentivá-los a questionar, perguntar;
Escutá-los sem críticas ou julgamentos;
Promover autoconfiança;
Respeitar o ritmo de cada aluno;
Realizar atividades em grupo;
Promover atividades calmas;
Lembrar sempre que professor é modelo;
Não envolver sua vida pessoal com a profissional, evitar passar isso para os alunos.
Por mais que todo ser humano esteja exposto à manipulação da mídia, os jovens são os que possuem maior propensão a imitar comportamentos apresentados nos meios de comunicação, como vestimentas, linguagem e principalmente a agressividade.
Afinal, conforme dados apresentados na vídeo aula e até mesmo por nossas vivências diárias, é fato que a mídia banaliza a violência em diversos inclusive em programas infantis, nos quais há inúmeras cenas violentas, que geralmente são vinculadas à heróis, que sempre são vitoriosos e certamente incitam as crianças a se espelhar em seus comportamentos.
Outros aspectos negativos são que mais de 75% dos programas em horário nobre apresentam conteúdo sexual e a Internet oferece acesso fácil e ilimitado a sites pornográficos, o que favorece a pedofilia, o ciberbullying entre outros riscos extremamente sérios.
Além disso, cada vez mais as pessoas passam grande parte de seu tempo utilizando mídias sociais em vez de interagir com outras pessoas ou ainda praticar atividades físicas, fato que traz diversos prejuízos psicológicos, emocionais, físicos e sociais.
Só o Facebook já tem
mais de 500 milhões de usuários, que juntos passam 700 bilhões de minutos por
mês conectados ao site - que chegou a superar o Google em número de acessos
diários. A interneté a ferramenta mais poderosa já
inventada no que diz respeito àamizade. E está
transformando nossas relações: tornou muito mais fácil manter contato com os
amigos e conhecer gente nova. Mas será que as amizades online não fazem com que
as pessoas acabem se isolando e tenham menos amigos offline, "de
verdade"? Essa tese, geralmente citada nos debates sobre o assunto, foi
criada em 1995 pelo sociólogo americano Robert Putnam. E provavelmente está
errada. Uma pesquisa feita pela Universidade de Toronto constatou que ainternetfaz você ter mais amigos - dentro e
fora da rede. Durante a década passada, período de surgimento e ascensão dos
sites derede social, o número médio de
amizades das pessoas cresceu. E os chamados heavy users, que passam mais tempo
nainternet, foram os que
ganharam mais amigos no mundo real - 38% mais. Já quem não usava a internetampliou suas amizades em apenas 4,6%.
Um estudo feito pela
Universidade de Michigan constatou que o 20 maior uso do Facebook, depois de
interagir com amigos, é olhar os perfis de pessoas de gente que acabamos de
conhecer. Se você gostar do perfil, adiciona aquela pessoa, e está formado um
vínculo. As redes sociais têm o poder de transformar os chamados elos latentes
(pessoas que frequentam o mesmo ambiente social que você, mas não são suas
amigas) em elos fracos - uma forma superficial deamizade. Pois é. Por mais
que existam exceções a qualquer regra, todos os estudos apontam que amizades
geradas com a ajuda dainternetsão mais fracas, sim, do que aquelas
que nascem e crescem fora dela.Disponível em: <http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-esta-mudando-amizade-619645.shtml>.
Droga (do francês drogue, 'ingrediente de tintura ou de substância
química e farmacêutica', de origem controversa; provavelmente derivado do neerlandês droge vate,
tonéis secos, de onde, por substantivação, droge passou a designar o
conteúdo, o 'produto seco'; ou do árabe dúrawá, 'bala de trigo'), em seu
sentido original, é um termo que abrange uma grande quantidade de substâncias - desde o carvão vegetal à aspirina.
Em um contexto legal e no sentido corrente (fixado depois de quase um
século de repressão ao consumo de certas drogas), o termo "droga"
refere-se, geralmente, a substâncias psicoativas e,
em particular, às drogas ilícitas ou àquelas cujo uso é regulado por lei,
por provocarem alterações do estado de consciência do indivíduo, levando-o eventualmente à dependência química (haxixe, ácido lisérgico, mescalina, álcool etc.). Certos fármacos de uso médico controlado, tais como os opiáceos, também podem ser tratados como drogas ilícitas,
quando produzidos e comercializados sem controle dos órgãos sanitários ou se
consumidos sem prescrição médica. (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Droga. Acesso em 02.jan.2013).
DROGAS
Substâncias que afetam o sistema nervoso central, podem ser lícitas e ilícitas. O álcool e o tabaco, embora sejam drogas lícitas, possuem algumas limitações legais, como:
Proibição do uso para menores de 18 anos
Lei seca (direção X álcool)
Restrição de locais para fumantes
Cada vez mais jovens utilizam drogas e dentre os principais motivos, encontram-se as sensações momentâneas de prazer que estas proporcionam:
Redução da ansiedade
Relaxamento
Desinibição
Experiências alucinógenas
Normalmente, são experimentadas na adolescência em
virtude da curiosidade e em algumas situações, os motivos são
agravados por fenômenos ambientais, sociais, neurobiológicos, e de
personalidade.
Sendo assim, o trabalho informativo para sanar as
curiosidades dos adolescentes por parte dos familiares e professores é de
extrema significância para a prevenção.
Como a prevenção ainda é a melhor estratégia, segue uma sugestão de leitura para todos os envolvidos na comunidade escolar:
As drogas são um dos problemas que afligem a sociedade contemporânea. E a escola, espaço na vida dos jovens, se vê diante dessa nova e perigosa realidade. Como, então, encarar este assunto de modo conseqüente? Como posicionar-se mediante o apelo do uso das drogas, lícitas, tão diversas de compreensão do universo das drogas, assim como de manejo de situações escolares em que seu uso esteja em pauta. *
Autor: Julio Groppa Aquino
* Disponível em: <http://books.google.com.br/books/about/Drogas_na_escola.html?hl=pt-br&id=ThU2EZVX6dAC>. Acesso em 02.jan.2013.
Bullying é uma
situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou
físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou
mais colegas.
O termo bullying
tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão,
brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como
ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/bullying-escola-494973.shtml
50% dos jovens já foram vitimas de bullying e 10 % ainda são. O fenômeno é mais comum entre os meninos, mas também acontece entre as meninas.
Os personagens envolvidos nesse fenômeno são:
ALVO/ VÍTIMAS ----> AGRESSOR ----> TESTEMUNHAS
Conforme visto anteriormente e reforçado nesta vídeo aula, as vítimas do bullying costumam ter as seguintes características:
Pouca habilidade de socialização ou são alunos novos na escola;
Características físicas, comportamento, condição socioeconômica ou orientação sexual diferente;
Dificuldade de reagir às agressões;
Não pedem ajuda por medo de retaliação ou por não que não querem decepcionar seus pais ou pessoas que amam.
Já em relação às características do agressor, constata-se a sensação de superioridade e de descrença na punição.
Dentre as principais consequências do bullying, encontram-se:
Baixa autoestima
Queda do rendimento e até mesmo o abandono escolar.
Depressão, pânico e fobia escolar.
As principais atitudes que permitem evidenciar o bullying na escola são:
Apelidar;
Ameaçar;
Agredir;
Hostilizar;
Ofender;
Humilhar;
Excluir;
Intimidar;
Assediar;
Furtar ou quebrar objetos pessoais da vítima.
O que fazer quando se identifica um caso de bullying?
Ao surgir uma situação em sala, a intervenção deve ser imediata. "Se algo ocorre e o professor se omite ou até mesmo dá uma risadinha por causa de uma piada ou de um comentário, vai pelo caminho errado. Ele deve ser o primeiro a mostrar respeito e dar o exemplo", diz Aramis Lopes Neto, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O professor pode identificar os atores do bullying: autores, espectadores e alvos. Claro que existem as brincadeiras entre colegas no ambiente escolar. Mas é necessário distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma agressão. "Isso não é tão difícil como parece. Basta que o professor se coloque no lugar da vítima. O apelido é engraçado? Mas como eu me sentiria se fosse chamado assim?", orienta o pediatra Lauro Monteiro Filho.
Veja os conselhos dos especialistas Cléo Fante e José Augusto Pedra, autores do livro Bullying Escolar (132 págs., Ed. Artmed, tel; 0800 703 3444):
Incentivar a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças por meio de conversas, campanhas de incentivo à paz e à tolerância, trabalhos didáticos, como atividades de cooperação e interpretação de diferentes papéis em um conflito;
Desenvolver em sala de aula um ambiente favorável à comunicação entre alunos;
Quando um estudante reclamar de algo ou denunciar o bullying, procurar imediatamente a direção da escola.
A violência na escola é mais comum no período da adolescência, além disso:
É um momento crítico na vida do ser humano, neste período ocorrem intensas mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais, é também nessa fase que decidimos padrões de comportamento;
Por ser um período vulnerável podem ocorrer depressão e ansiedade, bem como o uso de drogas;
A externalização dos problemas são comportamentais, sendo comum a delinquência;
A agressão física na infância pode gerar adolescentes e adultos violentos.
Distúrbio de Conduta
É um transtorno caracterizado por um padrão de comportamento anti-social repetitivo e persistente em crianças e adolescentes.
Dentre suas características, inclui: desobediência, birras, brigas, destrutibilidade, mentira e roubo.
É o problema mental mais comum nas infância e adolescência (meninos 7% | meninas 3%)
Estatística da Violência
O número de infratores privados de sua liberdade passou de 4245 em 1996 para 15426 em 2006. Deste, 60% voltam a ter condutas criminosas.
São fatores de risco para o aumento da violência, do distúrbio de conduta e de delinquência:
Falta de disciplina e limites;
Negligência;
Pobreza;
Desemprego;
Fracasso escolar;
Exposição à violência generalizada;
Consumo de álcool e drogas;
Residir em áreas pobres e densamente povoadas;
Sinais prematuros de comportamento anti-social na escola e em casa;
Agressividade;
Temperamento impulsivo;
Entre outros.
Ao se questionar as causas na violência na escola na visão dos jovens, constata-se que as principais são:
Afirmação da identidade;
Falta de reconhecimento por parte dos educadores;
Descaso e violência na escola (principalmente verbal, oriunda dos funcionários);
Abordar a temática sexualidade na adolescência nas escolas é de extrema importância, visto que:
Estimula a prevenção de AIDS e DST ;
É fundamental para o adolescente ter acesso à camisinha;
A distribuição de preservativos nas escolas é uma questão polêmica e complexa, que precisa ser abordada;
Nesta faixa etária os casos de DST e AIDS aumentaram;
É necessário abordar as questões de afetividade, do respeito entre o homem e a mulher;
É conveniente orientar para o uso da dupla proteção: preservativo + outro método anticoncepcional;
É preciso alertar que nos relacionamentos homossexuais a camisinha também deve ser utilizada;
No Brasil, é comum as meninas ficarem grávidas nas primeiras relações.
O livro Juventudes e sexualidade resulta de uma pesquisa realizada em 13 capitais (Belém, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória) e no Distrito Federal.
Abrange diferentes aspectos da vida sexual dos jovens, tais como a iniciação sexual, comportamentos diversificados como o "ficar" e o namorar, a iniciação sexual cada vez mais precoce, o conhecimento e as informações que possuem sobre métodos anticoncepcionais, de prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis (DST’s).
No livro também se faz a discussão sobre como os jovens encaminham as negociações entre eles a respeito da utilização desses métodos, além de problemáticas como a gravidez juvenil e o aborto.
Analisa-se ainda, a partir de diálogos com os adultos, os diversos tipos de violência e abordagens desenvolvidas pela escola a respeito da sexualidade.
Diferentes zonas corporais proporcionam gratificações de prazer em diferentes etapas:
Primeiros anos de vida: fase oral
18 meses aos 4 anos: fase anal
6 anos até a puberdade: fase da latência
A partir da adolescência: fase genital
Adolescência X Puberdade
Adolescência: entre a infância e a fase adulta, processo amplo de
desenvolvimento, biológico, psicológico e social do individuo.
Puberdade: fenômeno biológico corporal, decorrente de ações hormonais do eixo neuro hipotalâmico, é universal e tem limites bem estabelecidos.
Na adolescência, o indivíduo sofre 3 lutos:
1º- Luto pela perda do corpo infantil;
2º- Luto pela perda dos pais da infância;
3º- Luto pela perda da identidade e do papel sócio-familiar-infantil.
Práticas sexuais na adolescência:
Masturbação - ocorre de forma diferente entre os gêneros. Nas meninas a incidência é menor e inicia-se normalmente após os 15 anos, já nos meninos tem uma incidência 3 vezes maior do que a delas, ela ocorre bem no início da puberdade. É uma experiência individual de descoberta do corpo.
Ficar e Namorar - O ficar é uma interação afetiva, superficial e descompromissada, ou seja, não há necessidade de vínculo e continuidade como no namoro. Pode chegar ao ato sexual, depende dos limites que os casais estabelecem. Já o namoro é identificado como fidelidade, relacionamento com compromisso.
Iniciação sexual - É um rito de passagem entre a infância, adolescência e juventude. A idade média para o sexo masculino: 13,9 anos e sexo feminino 15,1 anos
Homossexualismo - Incerteza de identidade presente no início da adolescência:
o jovem busca um suporte de identificação com o amigo do mesmo sexo.
medo e angústia de se confrontar com o sexo oposto
Relações homossexuais: meninos 3 a 6% | meninas 1 a 2% | bissexuais 1%
SEXUALIDADE: Qual o papel da escola?
Letícia Érica Gonçalves Ribeiro
Educadora da Rede Municipal de Educação de Goiânia,
doutoranda em Literatura pela Universidade da Sorbonne-Paris
A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza a sexualidade como um aspecto do ser humano que não se pode separar dos outros aspectos da vida. Ela influencia nossos pensamentos, sentimentos e ações, bem como a saúde física e mental e, portanto, deve ser considerada um direito básico do ser humano. Sendo assim, a sexualidade é indissociável da educação, da saúde e da cidadania.
A escola tem como responsabilidade prezar pela saúde de seus alunos e, sobretudo, formar cidadãos conscientes, críticos e responsáveis, tanto em uma dimensão individual quanto social. A educação sexual, no meio escolar, é um componente primordial para a construção desse cidadão, bem como na prevenção de agravos à saúde e à integridade física e mental dos estudantes, desconstruindo mitos, tabus e preconceitos.
Uma abordagem abrangente
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), visando uma educação voltada para a construção da cidadania, propõem, em forma de temas transversais, a inclusão da orientação sexual no currículo escolar. Neles, a sexualidade é considerada como algo inerente à vida e à saúde e deve ser entendida como um processo de intervenção pedagógica, que tem como objetivo transmitir informações e problematizar questões a ela relacionadas, incluindo posturas, crenças, tabus e valores.
A proposta de orientação sexual dos PCN caracteriza-se por trabalhar o esclarecimento e a problematização, a fim de favorecer a reflexão e a ressignificação das informações, emoções e valores recebidos e vividos no decorrer da história de cada um. Ela ressalta, ainda, a importância de se abordar a sexualidade não somente do ponto de vista biológico mas, principalmente, em relação aos seus aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos e psíquicos. Segundo os PCN, a orientação sexual deve fazer parte do Plano Político Pedagógico da escola, sendo desenvolvida de forma continuada por todas as disciplinas, não apenas com ações pontuais e/ou isoladas. Ela deve contribuir para a construção de seres livres, capazes de desenvolver e exercer sua sexualidade com prazer e responsabilidade, bem como para garantir o acesso à saúde, ao conhecimento e à informação, direitos fundamentais de todo cidadão.
Contudo, pesquisas revelam que outra é a realidade encontrada em grande parte das instituições de ensino no Brasil. Apesar da visível e urgente necessidade de abordar o tema da sexualidade, deparamo- nos com instituições e/ou profissionais de educação que não se comprometem, não se importam e/ou não se sentem capazes ou à vontade para tratá-lo de forma adequada e aberta com seus alunos.
A sexualidade, como um aspecto inerente ao ser humano, acompanha o indivíduo em cada fase da vida e se manifesta sob formas multifacetadas, portanto não é possível ignorar as diversas maneiras de expressá-la por parte de crianças e adolescentes no âmbito escolar. É através de comportamentos, que muitas vezes ignoramos, reprovamos, criticamos ou repreendemos, que o estudante expresse seus anseios, suas angústias, seus medos, suas necessidades e suas dúvidas sobre a sexualidade.
Por uma educação libertadora
O educador, atento às manifestações anteriormente citadas, pode, ainda, ajudar a criança e o adolescente a se prevenirem ou se libertarem de uma situação de violência ou de abuso sexual. Pois certas atitudes do estudante são como um grito de socorro, que grande parte dos educadores não consegue ouvir, devido aos preconceitos e à ignorância diante de determinados comportamentos relacionados à sexualidade.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trata o abuso sexual como uma violação dos Direitos Humanos e, segundo ele, a prevenção contra esse tipo de abuso deve acontecer por meio de um trabalho educativo global, enfocando a educação para a saúde sexual. Assim sendo, o educador compromissado com o processo educativo, precisa saber observar, diagnosticar e ajudar aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade. O ECA, no Artigo 245, afirma que é obrigação do professor e da instituição de ensino comunicar à autoridade competente os casos de que tenham conhecimento, envolvendo suspeitas ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente. O não cumprimento implica pena de multa de três a 20 salários mínimos, ou o dobro, em caso de reincidência.
A escola deve estar preparada para apreender e compreender todas as manifestações do educando, a fim de orientá-lo em suas buscas, ajudá-lo a sanar dúvidas e superar medos, incitá-lo a refletir, questionar e descobrir o melhor caminho a ser trilhado. Pois a sexualidade na escola visa principalmente levar aos alunos, a partir dos seus conceitos e vivências, as informações e conhecimentos que permitirão compreender as diferentes dimensões da sexualidade, suscitando a reflexão e o desenvolvimento de atitudes de responsabilidade individual, familiar e social.
Para isso, é necessário que a sexualidade na escola seja trabalhada de forma transversal, integral e imparcial, considerando a necessidade e a realidade de cada indivíduo. É fundamental que todos os envolvidos no processo educativo considerem a importância do tema e aprendam a lidar com ele, despindo- se de preconceitos, tabus e resistências, pois acreditamos que este é um dos caminhos para uma educação libertadora e transformadora.