quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Vídeo Aula 15 - Sexualidade na escola

Sexualidade
  • Existe desde o nascimento do ser humano;
  • Diferentes zonas corporais proporcionam gratificações de prazer em diferentes etapas:
    • Primeiros anos de vida: fase oral
    • 18 meses aos 4 anos: fase anal
    • 6 anos até a puberdade: fase da latência
    • A partir da adolescência: fase genital

Adolescência X Puberdade

Adolescência: entre a infância e a fase adulta, processo amplo de
desenvolvimento, biológico, psicológico e social do individuo.

Puberdade: fenômeno biológico corporal, decorrente de ações hormonais do eixo neuro hipotalâmico, é universal e tem limites bem estabelecidos.


Na adolescência, o indivíduo sofre 3 lutos:

1º- Luto pela perda do corpo infantil;
2º- Luto pela perda dos pais da infância;
3º- Luto pela perda da identidade e do papel sócio-familiar-infantil.


Práticas sexuais na adolescência:
  • Masturbação - ocorre de forma diferente entre os gêneros. Nas meninas a incidência é menor e inicia-se normalmente após os 15 anos, já nos meninos tem uma incidência 3 vezes maior do que a delas, ela ocorre bem no início da puberdade. É uma experiência individual de descoberta do corpo. 
  • Ficar e Namorar - O ficar é uma interação afetiva, superficial e descompromissada, ou seja, não há necessidade de vínculo e continuidade como no namoro. Pode chegar ao ato sexual, depende dos limites que os casais estabelecem. Já o namoro é identificado como fidelidade, relacionamento com compromisso.
  • Iniciação sexual - É um rito de passagem entre a infância, adolescência e juventude. A idade média para o sexo masculino: 13,9 anos e sexo feminino 15,1 anos
  • Homossexualismo - Incerteza de identidade presente no início da adolescência:
    •  o jovem  busca um suporte de identificação com o amigo do mesmo sexo.
    • medo e angústia de se confrontar com o sexo oposto 
    • Relações homossexuais: meninos 3 a 6% | meninas 1 a 2% | bissexuais 1%






SEXUALIDADE: Qual o papel da escola?

Letícia Érica Gonçalves Ribeiro

Educadora da Rede Municipal de Educação de Goiânia, 
doutoranda em Literatura pela Universidade da Sorbonne-Paris


A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza a sexualidade como um aspecto do ser humano que não se pode separar dos outros aspectos da vida. Ela influencia nossos pensamentos, sentimentos e ações, bem como a saúde física e mental e, portanto, deve ser considerada um direito básico do ser humano. Sendo assim, a sexualidade é indissociável da educação, da saúde e da cidadania.

A escola tem como responsabilidade prezar pela saúde de seus alunos e, sobretudo, formar cidadãos conscientes, críticos e responsáveis, tanto em uma dimensão individual quanto social. A educação sexual, no meio escolar, é um componente primordial para a construção desse cidadão, bem como na prevenção de agravos à saúde e à integridade física e mental dos estudantes, desconstruindo mitos, tabus e preconceitos.

Uma abordagem abrangente
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), visando uma educação voltada para a construção da cidadania, propõem, em forma de temas transversais, a inclusão da orientação sexual no currículo escolar. Neles, a sexualidade é considerada como algo inerente à vida e à saúde e deve ser entendida como um processo de intervenção pedagógica, que tem como objetivo transmitir informações e problematizar questões a ela relacionadas, incluindo posturas, crenças, tabus e valores.

A proposta de orientação sexual dos PCN caracteriza-se por trabalhar o esclarecimento e a problematização, a fim de favorecer a reflexão e a ressignificação das informações, emoções e valores recebidos e vividos no decorrer da história de cada um. Ela ressalta, ainda, a importância de se abordar a sexualidade não somente do ponto de vista biológico mas, principalmente, em relação aos seus aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos e psíquicos. Segundo os PCN, a orientação sexual deve fazer parte do Plano Político Pedagógico da escola, sendo desenvolvida de forma continuada por todas as disciplinas, não apenas com ações pontuais e/ou isoladas. Ela deve contribuir para a construção de seres livres, capazes de desenvolver e exercer sua sexualidade com prazer e responsabilidade, bem como para garantir o acesso à saúde, ao conhecimento e à informação, direitos fundamentais de todo cidadão.

Contudo, pesquisas revelam que outra é a realidade encontrada em grande parte das instituições de ensino no Brasil. Apesar da visível e urgente necessidade de abordar o tema da sexualidade, deparamo- nos com instituições e/ou profissionais de educação que não se comprometem, não se importam e/ou não se sentem capazes ou à vontade para tratá-lo de forma adequada e aberta com seus alunos.

A sexualidade, como um aspecto inerente ao ser humano, acompanha o indivíduo em cada fase da vida e se manifesta sob formas multifacetadas, portanto não é possível ignorar as diversas maneiras de expressá-la por parte de crianças e adolescentes no âmbito escolar. É através de comportamentos, que muitas vezes ignoramos, reprovamos, criticamos ou repreendemos, que o estudante expresse seus anseios, suas angústias, seus medos, suas necessidades e suas dúvidas sobre a sexualidade.

Por uma educação libertadora
O educador, atento às manifestações anteriormente citadas, pode, ainda, ajudar a criança e o adolescente a se prevenirem ou se libertarem de uma situação de violência ou de abuso sexual. Pois certas atitudes do estudante são como um grito de socorro, que grande parte dos educadores não consegue ouvir, devido aos preconceitos e à ignorância diante de determinados comportamentos relacionados à sexualidade.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trata o abuso sexual como uma violação dos Direitos Humanos e, segundo ele, a prevenção contra esse tipo de abuso deve acontecer por meio de um trabalho educativo global, enfocando a educação para a saúde sexual. Assim sendo, o educador compromissado com o processo educativo, precisa saber observar, diagnosticar e ajudar aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade. O ECA, no Artigo 245, afirma que é obrigação do professor e da instituição de ensino comunicar à autoridade competente os casos de que tenham conhecimento, envolvendo suspeitas ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente. O não cumprimento implica pena de multa de três a 20 salários mínimos, ou o dobro, em caso de reincidência.

A escola deve estar preparada para apreender e compreender todas as manifestações do educando, a fim de orientá-lo em suas buscas, ajudá-lo a sanar dúvidas e superar medos, incitá-lo a refletir, questionar e descobrir o melhor caminho a ser trilhado. Pois a sexualidade na escola visa principalmente levar aos alunos, a partir dos seus conceitos e vivências, as informações e conhecimentos que permitirão compreender as diferentes dimensões da sexualidade, suscitando a reflexão e o desenvolvimento de atitudes de responsabilidade individual, familiar e social.

Para isso, é necessário que a sexualidade na escola seja trabalhada de forma transversal, integral e imparcial, considerando a necessidade e a realidade de cada indivíduo. É fundamental que todos os envolvidos no processo educativo considerem a importância do tema e aprendam a lidar com ele, despindo- se de preconceitos, tabus e resistências, pois acreditamos que este é um dos caminhos para uma educação libertadora e transformadora.

Artigo disponível em:
http://www.cnte.org.br/index.php/component/content/2945?task=view

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